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firmamento

2019
projeto selecionado e exposto no 71º Salão de Abril, Fortaleza/CE

 

Se funda no desejo de ser desesquecida. De rememorar cada traço, cor, territórios latentes, sertão do siará. É uma tentativa de deixar aberta a ferida do apagamento de quem é, foi e será as mãos de quem planta, colhe, e resiste à escassez de água. Abre feridas sobre territórios, agricultura familiar e memória afetiva sob a vivência particular de duas gerações de mulheres e de muitas outras. Neta de dona Ilda sou, retorno as terras de Ibicuitinga, refaço linhas territoriais, torna o corte seco vívido na lembrança a figura da vó, que até hoje vive graças a agricultura familiar. O vô já se foi.

“Acaba que a solidão da vó não é só  dela, mas também minha, que reneguei por anos esse lugar, a importância dele,  a importância do trabalho de muitas mulheres, que vivem no sertão e fizeram parte do crescimento de outros tantos territórios. Vovó acaba que, mesmo sem  querer, me fazendo pensar sobre ancestralidade, sobre pertencimento, sobre  todas as lacunas deixadas em relação ao que meu corpo e genética representa.  Minha avó tem quase 86 e eu morro de medo de tudo o que ela representa, é; e o que até hoje atravessa no que sou, se perca. ”

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